Tocar tu piel Santiago Mayo |
Tocar
a tua pele, a pele do mundo.
Não
posso tocar a tua pele sem tocar a minha ao mesmo tempo, sem a sentir.
Quem
toca e quem é tocado? Talvez seja a pele
que nos toca. Quem sabe?
Como
posso tocar-te se as minhas sensações são só minhas? O que tu sentes quando te
toco não me pertence. Só o posso imaginar, aproximar-me através do que sinto, da minha experiencia. Não posso
ser tu. Tu és outro, outra. Mas gosto de acreditar que tu és eu e eu sou tu.
Quem sabe? Mesmo assim não estou certo de te tocar: desde que te toco até que o
sinto passa um tempo, há um espaço no meio. Estou acostumado a não o sentir
ainda que saiba que há um espaço e um tempo que nos separa.
Tudo
acontece no passado, num outro lugar e eu encontro-me isolado.
Santiago Mayo
Reflexos do vento
Francisco Teotónio Pereira
Todas as imagens,
captadas junto ao mar, revelam-nos que estamos constantemente rodeados de uma
sucessão de instantes que, paradoxalmente, nunca se repetem. Estes momentos
únicos e singulares mostram-se tridimensionais como as ondas do mar, ou
geradores de texturas geométricas, abstractas e psicadélicas, nas apropriações
desse mesmo real irrecuperável. Questiona-se plasticamente uma realidade que, assim
como o vento que dá nome à presente exposição, não se vê mas conhecem-se os
seus efeitos.
Nesta mostra, o
artista traz a público diversas obras onde a estética fotográfica se cruza com
a sensibilidade poética da percepção sensitiva e com a abstractização do real
da exploração pictórica.